Antes de mais nada, é importante definir o conceito de tensegridade, não é mesmo?! Tensegridade significa INTEGRIDADE DE TENSÃO. Este conceito foi desenvolvido por um designer chamado Buckminster Fuller na década de 40, para descrever estruturas que sustentam sua forma por cabos tensionais ao invés de estruturas como uma parede de tijolos, por exemplo.
Trazendo este conceito para o corpo humano, os “cabos” miofasciais seriam os cabos tensionais e nossos ossos seriam as estruturas de compressão, como a parede de tijolos. Porém, uma estrutura de tensegridade é mantida pelos cabos tensionais que dão a direção para as estruturas de compressão, que no nosso caso são os ossos.
O conceito de BIOTENSEGRIDADE apareceu na década de 70, e foi desenvolvido por Donald Ingber, que considerou órgãos e sistemas, percebendo que até mesmo cada uma de nossas células estavam conectadas.
Qualquer um que seja especializado em terapia manual ou do movimento sabe que as propriedades mecânicas, comportamento e movimento dos nossos corpos são tão importantes para a saúde humana como os genes e a bioquímica do organismo.
Entretanto, somente recentemente cientistas começaram a apreciar o papel que as forças mecânicas tem no controle biológico em nível molecular e celular.
As células “sentem” as forças mecânicas e convertem estes sinais em mudanças na bioquímica intracelular e expressão genética – um processo chamado “MECANOTRANSDUÇÃO”. Sendo assim, moléculas, células, tecidos, órgãos, e todo nosso corpo usam a arquitetura da“tensegridade” para mecanicamente estabilizar suas formas, e para perfeitamente integrar estrutura e função em todas as escalas.
Isso mostra que forças mecânicas aplicadas em macroescala produzem mudanças na expressão bioquímica e dos genes das células vivas individuais.
Isso explica como as terapias físicas (manipulação e/ou movimento) podem influenciar a fisiologia das células e tecidos.
Para entender como o processo físico pode impactar a saúde humana, precisamos levar em conta que organismos vivos, como o homem, são construídos a partir de camadas de sistemas, um “dentro” do outro.
Cada órgão, como um músculo inteiro, é construído a partir de tecidos (por exemplo,
fibras musculares, endotélio, tendão, nervo), que são compostas de células vivas que estão ligadas pela matriz extracelular (MEC). As células aderem a essa matriz (composta por
colágenos, glicoproteínas e proteoglicanos) através da ligação de receptores específicos da superfície celular, conhecido como “integrinas” (veja imagem abaixo).
As integrinas abrangem a membrana superficial da célula e formam uma ponte multi-molecular para o interior “citoesqueleto” da célula – uma estrutura molecular interna composta de microfilamentos de actina, microtúbulos e filamentos intermediários que dão forma à célula.
Ou seja, via INTEGRINAS, nosso meio externo se comunica com nosso meio interno, e através das forças de tensão e compressão nossas células são estimuladas até mesmo a se multiplicarem, morrerem ou simplesmente a exercerem suas funções naturalmente.
E qual a conclusão para nós, os ‘fáscianados’ (fascinados pela fáscia)? As práticas que tem como objetivo equilibrar a estrutura do corpo, através da abordagem fascial manual e do movimento, podem influenciar o crescimento e a diferenciação celular, e potencialmente até mesmo a resposta de células imunológicas, que são essenciais para a saúde humana.
Como sempre digo: a Liberação Miofascial, quando aplicada com conhecimento e de forma sequencial, com o objetivo de reestruturar integralmente o corpo, é muito mais do que “sovar” um pedaço de carne.
Veja mais nessa live BIOTENSEGRIDADE NA PRÁTICA DE Liberação Miofascial
Referências
J Bodyw Mov Ther. 2008 July ; 12(3): 198–200. doi:10.1016/j.jbmt.2008.04.038.
Obrigada pelo trabalho! Apresentação está fantástica.
Obrigada Natália, fico feliz com teu feedback 🙂
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