Primeiro acredito que seja importante revisarmos alguns conceitos.
Discrepância do comprimento de membros é uma condição em que uma perna é mais curta do que a outra. Esta alteração pode estar envolvida em uma série de comprometimentos no mecanismo da marcha e da corrida por exemplo. Também pode estar relacionada a alterações posturais, dor lombar, sacroilíaca, no quadril e joelhos. Apenas para citar algumas das alterações possíveis.
A discrepância do comprimento de membros pode ser dividida em três principais grupos:
1) Estrutural: também chamada de perna curta verdadeira, é uma alteração real do sistema esquelético que pode ser causada por:
- defeitos congênitos, como a displasia de quadril por exemplo
- cirurgias, como a substituição total do quadril
- trauma, como fraturas do fêmur ou da tíbia
- doenças, como tumores e artrites
2) Funcional: pode ocorrer por alterações no posicionamento dos pés, da pelve, desequilíbrios musculares (glúteo médio fraco e adutor forte, disfunções de quadril ou joelho, apenas para citar algumas possibilidades, que são inúmeras.
3) Idiopática: quando não se identifica a causa da discrepância. O que, particularmente, acredito que uma avaliação global seja capaz sim de identificar. Mas quis aqui trazer o que a literatura nos traz.
Particularmente, prefiro que está medida seja feita através da escanometria, assim é possível saber a medida precisa e se é real a diferença ou funcional.
A partir daí já saberemos qual a direção do nosso tratamento. Se a alteração for real, existe a possibilidade do uso de palmilha e encaminho para um profissional que faça este trabalho específico. Quer dizer que não tenho trabalho a fazer? Não, não, não.
Somos muito complexos para que apenas uma abordagem resolva nossas disfunções de forma mágica.
Independente de ser falsa ou verdadeira provavelmente existirão alterações adaptativas que podem estar gerando sobrecargas, ao sistema de biotensegridade que somos, que precisam ser equilibradas.
A postura ideal é a postura que facilmente se adapta as demandas variáveis e constantes da nossa vida. Fato. O sistema será mais adaptável e equilibrado se as tensões ao longo das nossas vias miofasciais estiverem distribuídas de forma equilibrada.
Este trabalho começa com uma boa avaliação, seguida pela terapia manual e pelo movimento.
E o que podemos encontrar na nossa avaliação? Eu gosto de começar avaliando a partir dos pés. E vou seguindo um roteiro ascendente e organizado, estabelecendo as relações entre as partes do corpo do paciente.
Se você fizer isso, poderá perceber por exemplo, quando chegar na pelve, que um lado está mais alto do que o outro. O lado mais baixo pode estar assim em razão do tilt medial do pé deste mesmo lado, que acaba diminuindo o comprimento do membro. Como consequência desta inclinação da pelve, a coluna faz uma inclinação (curva) para o lado oposto. E muitas vezes, a coluna faz mais de uma curva, e aí teremos as escolioses em “s”, por exemplo.
Nossas estratégias serão diferentes, muitas vezes, entre os lados do corpo do paciente. O lado que a pelve está mais baixa, provavelmente teremos um glúteo médio mais ativo, ou seja uma Linha Lateral que pode estar presa curta até o joelho. e precisará ser liberada. No lado oposto, teremos um glúteo médio que estará hipoativo (preso longo) e precisará ser ativado através do movimento. Para citar apenas uma pequena fração do que precisamos ter em mente em termos estratégicos.
E é neste momento que vamos além de tratar somente os sintomas. Nos tornamos estrategistas em traçar os caminhos para nossos pacientes e alunos encontrarem sua saúde.
E você, o que acha? Comente abaixo!