Posição escapular e equilíbrio postural

O posicionamento da escápula interfere diretamente no complexo do ombro, e vale lembrar que o posicionamento da caixa torácica também interfere no posicionamento das escápulas. Encontrar o lugar apropriado para a escápula, uma posição neutra onde ela tenha mais possibilidade de se mover em resposta a nossos desejos, é um ótimo objetivo para se ter em mente na terapia manual e do movimento.

Quando a escápula é observada na vista posterior vemos um leque de vetores tracionando-a em quase todas direções.

Desses, quatro se destacam no fornecimento da estabilidade escapular e determinam a posição postural da escápula, e formam um “x”.

➡️ Uma “perna do x” é formada pelo complexo rombosserrátil, a outra consiste na porção inferior do trapézio e no peitoral menor.
O serrátil protrai a escápula (shift lateral), os rombóides a retraem superior e medialmente. Um serrátil preso curto, traciona a escápula lateralmente, fazendo com que os rombóides sejam alongados. Este padrão geralmente acompanha uma coluna torácica cifótica. O contrário pode acontecer quando a torácica está retificada.

➡️ O trapézio inferior, traciona medial e inferiormente a espinha da escápula, e o peitoral menor, a traciona para cima e para frente.

Essa relação antagônica na maioria das vezes aparece com um peitoral menor “superencurtado” e o trapézio inferior “superalongado”, resultando em uma inclinação anterior da escápula, com relação a caixa torácica.

Por que isso é importante? Dentro desta visão do “x” sabemos exatamente quais estruturas liberar com a terapia manual e quais ativar através do movimento.

A partir de agora, quando você avaliar o ombro e identificar que encontram-se protraídos, leve em consideração não somente o “X” escapular, mas também os padrões de inclinações e rotações da caixa torácica. A cintura escapular provavelmente está seguindo e buscando compensações como uma consequência de “algo” que acontece em outros eixos no corpo humano.

Tenha em mente, que para o complexo do ombro ter uma livre e saudável mobilidade e até mesmo equilíbrio de força e flexibilidade, ele precisa ter uma boa base, a caixa torácica em posição o mais neutra possível.

Muitas vezes os desequilíbrios começam desde os pés.

Um padrão muito comum é a projeção da pelve a frente. Ou seja, um deslocamento anterior do centro de gravidade do corpo.

Podemos dizer que é uma característica da vida moderna, a ansiedade. Os pés ficam fixos no chão enquanto o corpo até a pelve se projeta anteriormente.

Compensatoriamente, a caixa torácica precisa se inclinar ou deslocar posteriormente. Caso contrário a pessoa cairia com o rosto no chão.

Da mesma forma ombros, e muitas vezes a cabeça, se projetam anteriormente novamente para compensar a compensação da caixa torácica.

Assim fica evidente a necessidade de trabalhar entre os pés e a pelve e entre a pelve e a cabeça nas disfunções de ombro.


Aprenda a “LER” o corpo do seu paciente ou aluno, sem buscar relações com sintomas, exames e protocolos. E depois disso desenvolva suas estratégias.

Tenho certeza que os resultados serão exponenciais nestas disfunções tão comuns e tão frustrantes para ambos, paciente e terapeuta.
A resposta pode estar no que não estamos olhando.

Já tinha visto a escápula por este “ângulo”?

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2 comentários em “Posição escapular e equilíbrio postural”

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